Publicada em: 30/08/2005

O risco de uma guerra contra o Iraque traz à tona a discussão de uma série de questões e consequências que podem ser resultantes do conflito. Entre elas está a possibilidade dos curdos conquistarem, depois de muitos anos de luta, sua autonomia. Mas você sabe quem são os curdos?

Os curdos são descendentes de indo-europeus e constituem o maior grupo étnico sem Estado do mundo (mais de 25 milhões). Este povo possui uma cultura milenar, modificada apenas pela adoção do islamismo como religião no séc VII. Eles reivindicam um Estado próprio e vivem na Turquia (cerca de 14 milhões), no Iraque, no Irã, na Síria e em países da antiga URSS. O Curdistão abrange uma vasta região localizada na confluência das fronteiras destes países.

A maior parte do Curdistão está inserida no território da Turquia, seguindo-se o Iraque e o

Por volta do século IV o Curdistão era parte do império Bizantino, que posteriormente foi denominado Império Otomano. Este entrou em decadência e esfacelou-se após a 1º Guerra Mundial. Ao final deste conflito, as grandes potências europeias (vencedoras) repartiram o Império Otomano em zonas coloniais. Parte dos curdos ficou dentro do norte do Iraque, submetidos ao domínio britânico. Outra parte foi dividida entre os outros países.

Desde então, diversos levantes armados ocorreram sendo violentamente reprimidos. A luta pelo Curdistão independente continua apesar de décadas de repressão.

Mesmo repartido em países diferentes, o povo curdo se identifica pela cultura, história, ancestralidade e língua. Porém, todos aqueles países que possuem população de etnia curda se opõem à criação de um governo curdo autônomo, o que teria implicações econômicas. O Iraque, por exemplo, perderia o Curdistão, região responsável por mais da metade da sua produção de trigo e petróleo.

Na Turquia, a resistência curda é dirigida, sobretudo pelo Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK). Além deste, existem outras facções também em outros países, que brigam pela liderança do movimento: o UPK (União Patriótica do Curdistão), o PDK (Partido Democrático do Curdistão), o LIK (Liga Islâmica do Curdistão) e outras organizações menores. Esses grupos tendem a receber apoio de países da região como Irã, Iraque e até Estados Unidos, mas na realidade, nenhum deles está interessado em defender os curdos seja lá de que partido forem. Ao apoiá-los, eles pretendem dividir a resistência curda e impedir o avanço da luta pela autodeterminação.

Uma eventual guerra contra o Iraque é vista pelos curdos iraquianos como uma grande oportunidade para se tornarem independentes.